CAMINHOS DO CONILON - ENTREVISTA - Qualidade de bebida e marketing são desafios para um mercado crescente
Qualidade de bebida e marketing são desafios para um mercado crescente
Entrevista com degustador e Analista de marketing do café, Arthur Fiorott:
Como os tratos culturais e a qualidade grão interferem na bebida café?
Temos que entender que todos os processos envolvidos na cultura do café conilon têm uma importância significante na bebida que o consumidor final irá apreciar. Desde o local de plantio, passando pela escolha do material genético até o armazenamento dos grãos causam algum tipo de interferência na qualidade final da bebida. Escolhas assertivas para cada cenário é o que o produtor tem que fazer para ter um produto de alta qualidade. Sendo bem especifico, vejo duas frentes que o produtor tem que focar para melhorar a qualidade do café que ele possui hoje em sua propriedade. A nutrição do cafeeiro, com o uso de produtos que interferem diretamente na qualidade final da bebida, possibilitando que o café tenha maior doçura e menor amargor; e diminua a salinidade, tendo como consequência uma acidez equilibrada. A outra frente é a colheita e pós-colheita. Colher frutos maduros e secar o café de maneira correta tem grande significância na qualidade final da bebida. Como exemplo, temos cafés de mesma lavoura, apenas diferenciando no processo de secagem, apresentam atributos de bebidas completamente diferentes.
Quais são as demandas do mercado consumidor de café atualmente?
A demanda por café conilon de qualidade tem aumentado. Com a introdução das capsulas de café e as monodoses, o mercado de café gourmet entrou na casa da classe média, logo, esse público tem mais informação sobre alguns aspectos da bebida do café. Nomes como adstringência, doçura, amargor agora fazem parte do linguajar desse tipo de consumidor , atrelado ao aspectos de sustentabilidade na produção. Hoje o consumidor quer ter informação sobre o produtor desse café. Nesse cenário, o café Conilon tem grande capacidade de suprir a demanda desse tipo de consumidor que começou a ver no café uma bebida que tem “status”.
Como o conilon tem ganhado espaço no mercado mundial?
Hoje o café conilon representa 40% do consumo de café do mundo, contudo quando se fala em cafés de alta qualidade, esse percentual diminui drasticamente. O que deve ser feito? Há dois aspectos a serem trabalhados paralelamente. O aumento do suprimento de conilon de qualidade e a imagem do produto. Há uma demanda “adormecida” (o termo correto é latente) para café conilon de alta qualidade, contudo a indústria requer uma quantidade mínima para utilizar esse café. Diversas indústrias já fazem testes com diferentes percentagens de conilon em seus blends, com boa aceitação perante seus clientes, o que falta é adequarmos o suprimento/demanda para que seja possível criar produtos nessas indústrias. Além de claro, trabalhar a imagem do Conilon de maneira institucional. Por muito tempo, negligenciamos e deixamos que os produtores de arábica falassem do conilon. Dai vem a frase “arábica é bom e conilon é ruim”.
Quais ações de marketing devem ser feitas para o nosso conilon se firmar no cenário mundial?
Transformar o nome conilon em uma marca institucional, na qual, todos os pertencentes à cadeia do café conilon sejam responsáveis por proteger essa marca. Temos que acreditar que temos um produto de altíssima qualidade, a partir dai, ações mercadológicas têm que ser feitas. Ações simples como experimentação às cegas por consumidores já desmistificam que o café conilon é pior que o arábica. 90% dos consumidores não estão preocupados se o café é arábica ou conilon, o que ele quer é ter uma café de alta qualidade nos seu café da manhã, na sua reunião de negócio, no seu momento de lazer. O marketing tem muito a contribuir com esse produto para que seja feito um reposicionamento do nome ou marca Conilon.
Redação Campo Vivo